Violência contra mulheres na Itália
25 de novembro é o Dia Mundial da Não-Violência Contra Mulheres e engana-se quem pensa que o feminicídio é um monopólio dos países pobres ou em via de desenvolvimento. No velho continente – e a Itália não é exceção – a violência de gênero é tema frequente nas crônicas cotidianas.
Apesar da legislação em matéria de stalking e violência sexual ter reforçado as penas para esses tipos de crime, nos primeiros seis meses de 2017 aconteceram 2.333 estupros em solo nacional, mas só 7% deles foram formalmente denunciados. Nos últimos meses a mídia noticiou vários casos de abuso, principalmente contra jovens estrangeiras. Em um dos mais clamorosos os acusados eram Carabinieri.
Para aqueles que consideram o feminismo algo fora de moda, sublinho que os números da violência contra mulheres na Itália são preocupantes. Só em 2017 foi registrado um caso a cada três dias. Uma em cada três mulheres com idade entre 15 e 49 anos já foi agredida pelo próprio parceiro.
O governo italiano destina anualmente cerca de 10 milhões de euros aos centros de auxílio contra a violência de gênero, mas muitas vezes as vítimas não denunciam o ocorrido.
Para reforçar a atenção sobre esse tema, Roma será palco de uma manifestação nacional. Nos jardins de uma de suas praças, Piazza San Marco (aquela ao lado da Piazza Venezia), foi montada uma instalação com 100 silhuetas brancas que representam mulheres vítimas de violência. Em cada uma delas existe uma folha contando a sua tragédia.
Toda vez que passo pela Via dei Sardi, no bairro de San Lorenzo, ao observar o muro que relembra as vítimas do feminicídio tento imaginar suas histórias. Acredito que a educação possa ser uma grande aliada no percurso contra a violência de gênero. Conscientizar meninas de seu próprio valor e estimular meninos a respeitar a igualdade de gêneros nas tarefas cotidianas vale tanto quanto uma campanha de comunicação institucional sobre o tema.
Vale lembrar que a violência não é só aquela física. A linguagem também pode ser uma arma potente e questões como disparidade salarial, ideais estéticos improváveis, ódio nas redes sociais e impossibilidade de escolhas ainda estão presentes em grande parte do mundo. Quem assumirá a responsabilidade de mudar esse cenário?