repercussão do atentado em Nice
DiárioSexto Sentido

Depois do atentado em Nice, a Itália é um país seguro?

Os europeus acordaram atordoados com a triste notícia do atentado terrorista em Nice. Hoje cedo, em Roma, quando saí para comprar o jornal, enquanto caminhava pela calçada escutei os vizinhos exclamando a própria perplexidade enquanto ouviam o noticiário radiofônico. Quem já estava de pé para seguir o ritual do espresso nas cafeterias do bairro estava com os olhos colados na televisão.

O ataque aconteceu no dia que a França celebra as próprias liberdades, no feriado da Tomada da Bastilha, mas a Europa inteira sente-se violada e mais frágil do que nunca. A estratégia do terror provoca consequências na vida de todos nós.

A liberdade de ir e vir não é algo que preocupa somente os turistas. Não tenho dados estatísticos para demonstrar que os hábitos de muitos europeus mudaram, mas percebo cotidianamente que somos já prisioneiros de nossos medos.

Em Roma, todas as estações de metrô são vigiadas por militares. Nas escolas muitos pais não autorizam os próprios filhos a realizar excursões. O número de peregrinos esperado na capital em ocasião do Jubileu da Misericórdia até agora não foi tão entusiasmante. Sempre que possível preferimos o carro em vez do transporte municipal e nas filas de lugares públicos multiplicam-se os olhares de desconfiança sobre aqueles com fisionomia estrangeira.

O risco, como sustenta o sociólogo Zygmunt Bauman, é que em tempos de incertezas, precariedade e deregulation, os imigrantes sejam vistos com ressentimento. A xenofobia e a política da hostilidade, segundo o estudioso, só reforçam as possibilidades de recrutamento dos imigrantes por parte de células terroristas.

Depois dos ataques de Nice, pelo menos dois casais de italianos ainda não foram encontrados. Nas redes sociais e, em especial, no Twitter, muitas pessoas estão usando a hashtag #recherchesnice e divulgando fotos dos próprios parentes desaparecidos desde ontem.

Policiais armados de metralhadoras e coletes a prova de tiros estão controlando todos os carros que circulam em Ventimiglia, na na fronteira com a França.

Na fachada do Palazzo Chigi em Roma, sede da Presidência do Conselho dos Ministros, ao lado da bandeira italiana e daquela europeia, aquela francesa foi içada a meio mastro. Maços de flores foram deixados na Piazza Farnese, diante da sede da embaixada francesa em Roma.

Segundo os dados divulgados hoje de manhã pelo ministro do interior, Angelino Alfano, 7050 homens das Forças Armadas estão vigiando 17 aeroportos italianos. Muitos italianos se perguntam se a Itália é um país seguro e se o mérito de sua incolumidade aos ataques possa ser atribuído aos serviços de intelligence do país. No entanto, até a ministra da defesa, Roberta Pinotti, afirmou que  nenhum país está imune a riscos. 

O Presidente da República italiana, Sergio Mattarella, declarou que o país não vai ceder diante de quem predica e pratica a cultura da morte contro a vida das pessoas e a liberdade dos povos. O Papa Francisco classificou os atos de ontem como violência cegaHoje, às seis da tarde em Roma, será organizada uma passeata de solidariedade em Campo de Fiori.

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