5 máximas que aprendi a desobedecer na Itália
Nesse post conto como algumas de minhas convicções mudaram depois que decidi morar na Itália.
Hoje o meu olhar muito pessoal sobre a sociedade brasileira e italiana é capaz de captar diferenças que antes não eram assim tão óbvias.
Não gosto de etiquetas nem de generalizações. Essa é a minha experiência.
1. Tempo é dinheiro
Pelo menos nas grandes metrópoles brasileiras, o trabalho dita o nosso ritmo de vida. Além da carga horária no escritório, o trânsito para deslocar-se de um lado para o outro da cidade absorve grande parte de nossa jornada.
Na maioria das empresas, a presença física do empregado é indispensável.
Home office e horários flexíveis são privilégios de poucos e para mim também era assim.
Horas extras são sinônimo de eficiência e às vezes é difícil estabelecer uma fronteira entre trabalho e vida pessoal. Temos metas para cumprir, livros de presença para assinar. Nossos celulares permanecem sempre ligados.
O que vejo na Itália é que aqui a sociedade também privilegia a satisfação de outras necessidades, como aquela do convívio, da amizade, de cultivar atividades lúdicas e de revitalizar as relações familiares. Não é à toa que o conceito de ócio criativo foi inventado por um italiano.
Tempo é dinheiro, mas é nas horas vagas que exprimimos as nossas potencialidades e alimentamos a nossa criatividade. Por isso os italianos costumam dizer que non vivono per lavorare, ma lavorano pe vivere.
2. Não deixe para amanhã o que pode ser feito hoje
No Brasil sempre trabalhei em empresas nas quais a lógica americana do pragmatismo e eficiência traduziam-se em produtividade e agilidade nas decisões.
Na Itália me tornei menos impulsiva. Aprendi que muitas vezes amadurecer uma ideia pode ser mais oportuno do que agir imediatamente e cumprir prazos.
3. Luxo é tudo
Para mim, luxo não são roupas de grife, um carro caríssimo na garagem, um tênis de marca ou um manobrista na porta do apartamento ou restaurante.
Luxo é poder passear sozinha sem medo, ter a chance de visitar vários museus grátis, respirar o ar puro de um parque público, comprar livros a preços acessíveis, comer alimentos saudáveis sem ter que pagar a mais por isso.
4. Importado é melhor
Quando entramos em um supermercado brasileiro e encontramos nas prateleiras artigos importados, é quase impossível não ficar fascinado.
Vinhos ou queijos estrangeiros são quase automaticamente considerados sinônimo de qualidade.
Aqui não é assim. Italianos, assim como os franceses, são bairristas em matéria de alimentação.
O país foi mais além em matéria de cultura gastronômica, valorizando a economia do KM 0.
Quando possível, as famílias preferem comprar alimentos cultivados no próprio território. Além de mais genuínos, eles chegarão às mesas mais frescos e sem ter poluído o ambiente. Menos caminhões circulando pelas rodovias comporta menor poluição e eu também sigo esse mantra, sempre que possível.
5. Direitos comportam deveres
Quando ainda morava no Brasil não achava estranho o fato que somos obrigados a votar.
Me mudei para a Itália e apesar de ter que esperar oito anos para a transferência do meu título de eleitor por motivos burocráticos, tive que justificar assim mesmo a minha ausência diante das urnas.
Nas democracias mais sólidas o voto é facultativo e a proteção da liberdade individual dos cidadãos é mais importante que tudo.
Um direito não deve ser um dever e ninguém deveria ser sancionado por renunciar ao voto porque esta também é uma escolha legítima. Encaro algumas leis brasileiras com muita perplexidade.
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