Sexto Sentido

Arquitetura e o futuro das cidades. Diferenças entre Brasil e Itália

Sobre diferenças entre o Brasil e a Itália.

São Paulo, Brasile

Seguindo as notícias nesses dias de férias em São Paulo, foi impossível não acompanhar o debate sobre os rumos do chamado Plano Diretor Estratégico, lei municipal que planeja, até 2029, o desenvolvimento e o crescimento da cidade.

São Paulo, Brasile

Em outras palavras, se trata de uma iniciativa elaborada com a participação da sociedade para criar espaços urbanos que atendam às necessidades coletivas.

São Paulo, Brasile

No bairro onde morava, a verticalização é vertiginosa. Poucos daqueles sobrados que me lembram a casa da avó, com portão baixo, portas de vidros que não temiam ser arrombadas e uma roseira no jardim foram substituídos por arranha-céus de altura tão desproporcional que chegam a ofuscar o sol que antes iluminava o quintal.

São Paulo, Brasile

No centro de São Paulo, fui em busca de fachadas históricas, de casarões tombados, de arquitetura colonial, e notei como esse patrimônio arquitetônico é residual e, em muitos casos, maltratados.

São Paulo, Brasile

Eu não faço parte de nenhum grupo de ação, mas se pudesse insistiria junto aos órgãos públicos para que a lógica envolvendo a construção civil e o futuro de São Paulo mudassem totalmente.

Uma cidade com ótima qualidade de vida, inclusiva e sustentável não deve ser, necessariamente, aquela que ergue edifícios sem parar. E se público e privado, em vez de investir recursos para derrubar e construir, destinassem as verbas para melhor melhorar os espaços que já existem, aprimorando edifícios, praças ou sistemas de iluminação, recuperando áreas verdes  requalificando centros de lazer ou despoluindo rios, valorizando espaços para a convivialidade?

São Paulo, Brasile

A primeira vez que meu marido pisou em São Paulo comentou comigo que tinha a sensação que na cidade não existia aquilo que na Grécia Antiga era chamado de “agorà”, as praças públicas onde principalmente os atenienses se reuniam. Nos deslocamos em carros com vidros cobertos por insulfilm, sem fazer paradas até chegar a nossa meta.

São Paulo, Brasile

Na Itália existe aquele que é definido “piano regolatore” e mesmo nas grandes cidades a altura dos prédios e até a cor ou qualquer mudança nas fachadas precisa ter autorização prévia. O objetivo é preservar o patrimônio e pensar em um futuro arquitetônico harmônico.

Você acha que isso é algo novo? Imaginem que Pienza, por exemplo, que fica na região da Toscana, já tinha sido projetada para ser a “cidade ideal”. A ideia nasceu do papa Pio II, que em 1458 encarregou o arquiteto Rossellino de cumprir essa missão.

São Paulo, Brasile

Nos centros históricos é comum andar a pé e o microcosmo social que representa a coletividade é ainda mais ativo nos pequenos vilarejos, denominados “borghi”. É ali que você encontra aquela Itália que fascina os estrangeiros. Lugares onde casas tem varandas ou sacadas floridas e portas de frente para a rua, onde passeando encontra um gato atrás da janela, sente cheiro de amaciante ou pão assado pelos becos e onde você vê diversos idosos reunidos na praça ou no bar centrale ou que compram na mercearia daquele que conhecem pelo nome.

São Paulo, Brasile

Qual será o futuro de idosos que vivem em prédios com dezenas de andares, que impossibilitados de dirigir não se sentirão seguros para usar o transporte público e não encontrarão no bairro nenhum rosto familiar?

Será possível encontrar um meio termo entre a exigência de modernização e aquela de preservação permanente?

Nesse artigo, compartilho com vocês algumas das imagens de lugares incríveis em São Paulo, além de seus arranha-céus.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *