
Bitetto. Puglia entre devoção, hospitalidade e gastronomia de primeira
A última etapa do meu itinerário pela chamada Terra di Bari é Bitetto, que fica a menos de 20 quilômetros da capital da região da Puglia e também conhecida como “Città dell’Oliva Termite”.
Essa cidade com pouco mais de 11 mil habitantes, uma jovem prefeita que leva adiante o projeto que prevê o reconhecimento de suas azeitonas com o selo DOP (Denominação de Origem Protegida) e uma população feliz de mostrar aos visitantes as suas belezas busca, justamente, conquistar um espaço no roteiro dos turistas que exploram essa parte da Puglia a procura da autêntica atmosfera de uma cidade do sul da Itália.
O forte espírito de comunidade presente em Bitetto foi fundamental para que seus moradores resistissem à ocupação nazifascista em 1943 e a cidade fosse premiada em 1999 com uma medalha de ouro pelo seu mérito civil.
Para mim viajar significa não a meta, mas antes de tudo pessoas, e Bitetto foi uma agradável surpresa que me fez descobrir o quanto enriquecedor é expandir a nossa empatia e conversamos com pessoas que não fazem parte do nosso círculo social habitual, encontrando visões de mundo diferentes das nossas.
Com a companhia de locais, a minha visita à cidade começa pelo Palazzo del Sedile, antiga sede da prefeitura e local onde eram administradas a economia e a justiça. Era ali que residia o Mastro Mercato, que ditava as regras para a realização de mercados, feiras e leilões. Você o reconhecerá facilmente porque a sua fachada é decorada com uma meridiana hoje transformada em relógio.
Em frente ao palácio fica a sua magnífica catedral, a igreja de San Michele Arcangelo, antiga sede episcopal até 1818 e um clássico exemplo de arquitetura românico pugliese e influências góticas. A sua rosácea, junto com outras 32, foi incluída em um projeto que espera no reconhecimento dessa joia arquitetônica como patrimônio Unesco.
Antes de entrar no edifício, dois leões fazem uma alusão aos fiéis que se dirigem à igreja mãe e pude constatar pessoalmente a grande devoção de sua população local. Uma fé que não se manifesta só na esfera íntima de cada família, mas que é explícita em gestos concretos.
Os melhores encontros durante uma viagem são sempre aqueles inesperados, que nos permitem descobrir algo inédito. Assim, ao entrar na igreja, uma senhora de meia-idade se aproxima e pergunta se, éramos turistas.
Nos conta que agradece diariamente todas as bençãos recebidas e que faz questão de manter brilhantes todos os objetos sacros presentes na igreja.
Em seguida pergunta se já havíamos visitado outro lugar de culto de Bitetto, o Convento del Beato Giacomo, dedicado a um frade franciscano originário de Zara, na Croácia, cujo corpo incorrupto é objeto de veneração.
Ela usa uma linguagem simples para tentar traduzir aquilo que já havia identificado em seu olhar; o forte sentimento de pertencimento, de identificação com a cultura local.
O Beato Giacomo faleceu em 1496, mas todos os anos Bitetto recebe centenas de peregrinos que atravessando a pé uma das etapas do Cammino Materano são acolhidos no convento que também abriga um museu dedicado a devoção e ao trabalho.
Dentro do convento, uma obra que merece ser contemplada é a tela dedicada San Francisco de Assis ordenada pela família Caraffa e se puder conheça também as cervejas artesanais produzidas dentro de convento desde dezembro de 2021.
Outra joia arquitetônica de Bitetto é a igreja Santa Maria La Veterana, uma das mais antigas da cidade, decorada com ciclos de afrescos dedicados à Virgem, a Cristo e ao Juízo Universal.
Passeando pelo centro histórico de Bitetto você notará vestígios de seu rico passado como a casa torre dos cavalheiros de Malta, a Porta Piscina, a mais importante e aquela que funcionava como boas-vindas aos visitantes que chegavam até a cidade e o imponente Palazzo Baronale, propriedade particular e infelizmente não aberto ao público.
Se você for até Bitetto não perca a chance de provar o melhor da culinária local em um restaurante (Rocco Trattoria Moderna) que usa os ingredientes e sabores típicos da Puglia, em receitas cenográficas e em um ambiente muito acolhedor.
Para mais informações, contate a Proloco di Bitetto
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