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As ruínas do Parque arqueológico de Sibari e o passado glorioso da Magna Grécia

Sempre amei a arqueologia porque é uma testemunha silenciosa; que dispensa as palavras, mas se torna eloquente ao revelar gradualmente os méritos e inaptidões de cada civilização. Como um “tapa com luva de pelica”, nos oferece uma segunda chance de olhar para o passado e construir um futuro melhor.

Parco Archeologico di Sibari, Calabria

A Itália é um país que esbanja sítios arqueológicos de importância incomparável. Lugares como Pompeia, Herculano, Paestum, os vestígios da Costa degli Etruschi ou a recente descoberta de estaturas de 2300 anos em San Casciano dei Bagni, na Toscana, Ostia Antica, Matera, Altamura ou a Vale dos Templos, na Sicília, ou ainda traços da civilização nurágica, na Sardenha, são algumas das metas populares entre os turistas que apreciam a arqueologia.

Sibari Calabria - Sibari

Na Calábria, um dos berços da Magna Grécia, um lugar extraordinário ainda pouco explorado pelos estrangeiros é o Parco Archeologico di Sibari, que fica na cidade de Cassano all’Ionio, na província de Cosenza. Se trata de um parque arqueológico especial porque concentra vestígios não de apenas uma, mas de três civilizações.

Parco Archeologico di Sibari, Calabria

A antiga Sybaris foi fundada por colonizadores gregos de Acaia, originários da área do Peloponeso entre 730-720 a.C. Era a mais suntuosa e populosa polis da região. Estrategicamente situada próxima s dois rios (Crati e Coscille), ao mar Jonio e Tirreno, foi um importante centro comercial, mantinha relações com os etruscos e chegou a ter 300 mil habitantes.

Parco Archeologico di Sibari, Calabria

Para entender o grau de sua potência, basta pensar que a famosa cidade de Paestum (hoje na região da Campânia), era uma sub colônia de Sibari e que provavelmente foi a primeira polis da Magna Grecia a cunhar uma moeda, entre 550 e 530 a.C. Por esses motivos, ela também é conhecida como a Pompeia helênica.

Parco Archeologico di Sibari, Calabria

Muitos estudiosos acreditam que a população de Sibari também era hedonista, ociosa e amante dos prazeres da vida. Organizavam banquetes, chegaram a afastar fora do centro da cidade as atividades profissionais barulhentas como ferreiros ou marceneiros e as mulheres de Sibari se protegiam do sol caminhando sob toldos.

O seu destino começou a mudar por volta de 510 a.C, graças a uma guerra contra outra colônia grega: Crotone. Sibari foi assediada por setenta dias e alagada por conta do desvio do rio Crati. Em 444 a.C, os sobreviventes dessa tragédia fundaram uma nova cidade, Turi, e mais tarde, em 194 a.C, o mesmo território se tornou uma colônia romana chamada de Copiae, até ser abandonada em época medieval.

Parco Archeologico di Sibari, Calabria

Os vestígios dessas civilizações podem ser admirados no Museo Archeologico Nazionale della Sibaritide, próximo à área arqueológica. Entre os seus destaques estão a cabeça de um touro em bronze do século V a.C – representação simbólica da união cultural e espiritual entre as colônias de Sybari e Turi e considerada uma das descobertas arqueológicas mais importantes da região, depois daquela dos Bronzes de Riace.

Parco Archeologico di Sibari, Calabria

Também não deixe de contemplar os detalhes da chamada “mano pantea”, peça em bronze do I século d.C que reproduz uma mão enigmática, recoberta de decorações, que reproduz um gesto de bênção e que provavelmente indicava prudência.

Parco Archeologico di Sibari, Calabria

Para mais informações: Parco Archeologico di Sibari (www.parcosibari.it), de terça a domingo das 9h às 19h30. Ingressos que incluem o Museo Nazionale Archeologico della Sibartitide: 5 euros

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