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Corigliano Rossano. A Calábria entre devoção à Achiropita, raridades e um castelo

É como se olhar no espelho. Quanto mais viajo pela Itália, mais me dou conta de quantas similaridades existem entre as nossas duas culturas.

O que uma megalópole como São Paulo tem em comum coma cidade de Corigliano Rossano, na província de Cosenza, Calábria?

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Se você é um descendente de italiano, provavelmente já deve ter ouvido falar da famosa Festa da Achiropita, realizada todos os anos, desde 1908, no bairro do Bixiga, e parte do calendário de eventos turísticos oficiais de São Paulo.

Fé e festa. Sacro e profano se mesclam em um evento que – no ano no qual se celebra o 150º aniversário da imigração italiana no Brasil – é mais do que nunca o símbolo de uma identidade híbrida.

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Quando no século passado os italianos deixavam a própria terra e embarcavam para a América do Sul, na mala era comum levar um “santino”, uma imagem sacra com uma oração dedicada ao padroeiro de sua cidade natal. Não um simples pedaço de papel, mas uma ligação com as próprias raízes, geralmente guardado na carteira.

Calabria, Corigliano Rossano

Durante minhas últimas explorações pela Calábria, estive na catedral di Maria Santissima Achiporita e naquele dia estava sendo celebrado um casamento na igreja. A comunidade local ocupava a praça e o edifício de culto erguido em homenagem à Achiropita, que significa “pintada não por mãos humanas”.

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No altar da catedral fica a relíquia  da Sacra Achiropita e, todos os anos,  nos meses de agosto e dezembro, o busto prateado da santa, exibido no Museo Diocesano e del Codex, é transportado em uma procissão.

O mesmo museu de Corigliano Rossano abriga um raríssimo manuscrito, o chamado Codex Purpureus Rossanensis, de época bizantina (V ou VI século) e provavelmente proveniente de Antióquia (Síria).

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É um dos sete manuscritos desse tipo existentes no mundo e, em 2015, foi reconhecido pela Unesco como patrimônio mundial da humanidade.

Seu nome deriva da cor aroxeada (purpureus em Latim) de suas páginas porque roxo era a cor atribuída ao império romano do oriente.

O manuscrito foi descoberto em 1831 na sacristia da Catedral de Rossano contém a totalidade do Evangelho de S. Mateus e a maioria do Evangelho de S. Marco, acompanhado pela pintura de figuras realizadas com pigmentos naturais como lápis-lazuli, planta de sabugueiro, cinabre ou folhas de lárix.

Acredita-se que talvez tenha existido um segundo volume com os restantes evangelhos, provavelmente perdido, e que no Codex Purupreus encontra-se uma das primeiras representações pictóricas noturnas da história. Hoje, os turistas podem viver a emoção de “folhear” uma versão digital do Codez Purpureus.

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Outra atraçao imperdível nessa parte da Calábria é o Castello Ducale di Corigliano, que nasceu em 1073 como fortaleza militar e que com o passar dos séculos foi residência de príncipes, duques e barões como aqueles das famílias Sanseverino, Saluzzo e Campagna.

Hoje o castelo abriga um museu e só a Sala degli Specchi (Sala dos Espelhos), com seus elegantes lustres em cristais de Boêmia e teto com efeito trompe-l’oeil já vale a visita. Vale a pena saber que a sua beleza é tanta que no Quirinale, residência do presidente em Roma, existe te uma réplica desse salão.

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Impossível não encantar-se com ambientes como a sala de jantar com cerâmicas de época e lustre de ferro batido, com a sua torre recoberta de afrescos e decorada com escada em guisa ou com a Sala Cinese, onde teria dormido Vittorio Emanuele III, ainda príncipe e futuro rei de Nápoles.

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A cidade de Corigliano Rossano também é famosa pela produção de alcaçuz (liquirizia), cuja raiz, transformada em balas, é comercializada desde o século XVIII.

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A primeira fábrica  foi fundada pelo duque de Corigliano e a seguir pela família Amarelli, que ainda hoje é ativa na produção da “liquirizia” na Calábria.

Calabria, Corigliano Rossano

Uma experiência que você pode viver em Corigliano Rossano é visitar o Museo della Liquirizia “Giorgio Amarelli”, aberto de segunda a domingo das 9h às 20h30. Os ingressos custam cinco euros e a visita dura 30 minutos.

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Mais informações:

Museo Diocesano e del Codex: via Arcivescovado, 5 87067 Rossano (CS). Fechado às segundas-feiras. Aberto das 9h30 às 13h e das 16h30 às 0h30. Ingressos: 5 euros.

Castello di Corigliano: Piazza Guido Compagna 1 Corigliano-Rossano (CS). Ingressos 5 euros. Aberto de terça a domingo das 9h30 às 13h30 e das 15h às 18h30

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