
Figos na Itália. Entre tradições culinárias, provérbios e arte
Eu adoro o outono na Itália. Já falei isso muitas vezes. Gosto da paisagem composta por folhas em mil tons de marrom e laranja. Do ar “frizzantino” que a gente respira logo pela manhã. De sentir o corpo envolvido por uma blusa de lã. De curtir com amigos o calor da lareira acompanhado por um cálice de vinho. De sentir o barulhinho da chuva. E, last but not least, os sabores dessa estação.
Uma de minhas frutas preferidas é o figo, um dos protagonistas na mesa dos italianos entre o final do verão e começo do outono.
Só para vocês terem uma ideia de como essa fruta é adorada aqui na Itália, existe até um provérbio nacional dedicado a ela e que diz “non è mica pizza e ficchi”.
A origem dessa frase deriva do fato que a pizza é um prato econômico e que geralmente os figos são colhidos diretamente no pé. Portanto, dois produtos facilmente acessíveis. Sendo assim, com a negação “non è mica pizza e ficchi” se sublinha que estamos tratando algo de valor, importante.
Outra curiosidade interessante, dessa vez não gastronômica, mas cultural, é o afresco O pecado original, realizado por Michelangelo para decorar o teto da Capela Sistina. Nessa imagem, ao lado de Adão e Eva, a árvore presente no Jardim do Éden é uma figueira e não uma árvore de maçãs.
Tudo indica que no livro da Gênesis a espécie identificada como árvore do conhecimento do bem e do mal nunca tenho sido citada de maneira explícita. É uma crença popular que se tratasse de uma árvore de maçãs e tudo indica que Michelangelo não foi o primeiro artista a optar por esse tipo de representação.
No interior da igreja de Santa Maria del Carmine, em Florença, fica a Cappella Brancacci. Nela, o artista Masolino da Panicale também usou uma figueira para representar a cena do pecado original.
Muitos estudiosos acreditam que a escolha tenha sido prudente porque muitas vezes a forma da fruta figo foi associada ao órgão sexual feminino e a igreja católica foi muito ativa na encomenda obras de arte durante a Renascença
Quem mora “in campagna” (no interior) provavelmente terá mais chances de encontrar um pé de figo. Nas grandes cidades eles são vendidos nas feiras e supermercados por um breve período e a preços caros, uma média de 6,98 euros o quilo aqui em Roma.
Como são altamente perecíveis, é por isso que muitas pessoas acabam transformando-os em geleias, compotas ou, em uma versão mais ousada, em uma mostarda.
E você sabe como degustar os figos seguindo o Italian sytle? Bom, aqui em Roma ele é o acompanhamento ideal para a chamada pizza bianca, aquela em pedaços, crocante, que você compra em um “forno” e que deixa as mãos enfarinhadas ao ser saboreada.
Outra combinação perfeita é aquela com o presunto cru, porque o contraste do doce do figo com o salgado do presunto cria um sabor superlativo. Há quem também prepare um risotto unindo figos, lardo e alecrim ou um antipasto, entrada, a base de gorgonzola, nozes e figos.
Para quem gosta de saladas, uma proposta é aquela de rúcula, figos e lascas de queijo tipo Parmigiano Reggiano.
Os que mais amo são aqueles de cor violeta, porque são muito doces, mas existem outras variedades de figos aqui na Itália que você pode provar em sua próxima viagem. Topa?
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