O sonho do imperador que mudou o destino de Roma
O destino de São Pedro e São Paulo revelam muito sobre o que significava ser ou não um cidadão romano durante a perseguição aos cristãos. Garanto que a próxima vez que admirar as estatuas dos apóstolos diante da Basílica de São Pedro vai pensar nisso.
Vocês sabem que o Cristianismo se tornou a religião oficial do império romano só depois da conversão do imperador Constantino. Antes de enfrentar a chamada Batttaglia di Ponte Milvio contra Massenzio, marcando a falência da tetraquia e tornando-se o único imperador de Roma, ele teria tido um sonho que mudaria o rumo da história.
Durante o sonho ele teria visto uma cruz e uma frase em grego, depois traduzida em latim: In hoc signo vinces (com este sinal vencerás).
Foi aconselhado a marcar o sinal divino, a cruz, nos escudos de seus soldados. Não era missão fácil.
Antes disso, entre os soldados de Roma existia o culto de uma divindade originária do Oriente, Mitra, enquanto os cristãos eram perseguidos. O mitraísmo era uma espécie de monoteísmo pagão e ainda hoje, em igrejas como aquela de São Clemente em Roma, é possível ver um altar dedicado à Mitra.
Para a própria iniciação, os adeptos tinham que superar sete níveis e Mitra era o interlocutor entre os homens, na terra, e o Deus Sol. Realizam sacrifícios e entre os soldados era comum acreditar que, quando se perdia uma batalha, a culpa era dos cristãos que se recusavam a participar dos rituais.
Antes da conversão de Constantino, ninguém imaginava que a cruz pudesse ser usada como símbolo de um exército já que não era bem-vista. Era um símbolo de tortura e morte, reservado aos escravos e estrangeiros, expondo o corpo e a moral dos homens condenados.
Não por caso, durante o império de Nero, São Pedro, que era judeu imigrante, foi crucificado. São Paulo, que possuía a cidadania romana, foi decapitado.
Os dois apóstolos foram retratados por Caravaggio em A crucificação de São Pedro e a Conversão de São Paulo, obras que pode admirar em Roma.
Já a cena do sonho de Constantino foi retratada por Piero della Francesca em uma das principais igrejas de Arezzo, a Basilica di San Francesco.