O estranho caso da Isola del Giglio, a ilha toscana imune à pandemia
Você já ouviu falar na Isola del Giglio ou Ilha do Giglio? A vida é mesmo uma montanha-russa. Quem acompanha os noticiários sobre a Itália deve lembrar-se da tragédia que chocou o mundo em 2012; o naufrágio do navio de cruzeiro Costa Concordia nas águas da Isola del Giglio, uma das ilhas do litoral da Toscana. O acidente provocou mortes e a condenação do ex-capitão do navio, Francesco Schettino, pela sua negligência ao abandonar os seus passageiros.
A Isola del Giglio fica na província de Grosseto (Toscana). É uma meta muito frequentada pelos amantes do trekking, do mergulho e dos passeios de barco.
Suas praias de águas cristalinas, como Campese, Arenelle e Le Cannelle atraem famílias com crianças e praticantes de snorkelling, além de turistas que não perdem a chance de chegar até a sua torre com vista para o mar ou passear entre as inúmeras lojinhas de artesanato local.
Em 2020, nos meses mais difíceis para a Itália, aqueles do pico estatístico da pandemia, a Ilha do Giglio voltou a ocupar novamente as manchetes dos noticiários italianos, mas dessa vez por um bom motivo: quase nenhum de seus cerca de 800 moradores testados contraiu o coronavírus.
Você pode pensar que, tratando-se de uma ilha, sua posição geográfica isolada tenha evitado qualquer contato com o mundo eterno, mas não foi exatamente isso o que aconteceu por lá.
Antes que o governo italiano anunciasse oficialmente o início do rígido período de lockdown, no dia 4 de março, cinco pessoas que em seguida testaram positivo para o Covid-19 estiveram e circularam pela ilha toscana.
Apesar das reais chances de difusão do coronavírus na Isola del Giglio, só um de seus habitantes contraiu a doença. E essa certeza foi confirmada cientificamente. A região Toscana enviou os kits para testar o maior número de moradores possíveis. O teste era facultativo, mas entre os dias 29 de abril e 4 de maio, 85% da população já havia aderido à iniciativa. Entre todas as pessoas testadas, só uma era positiva ao Covid-19, mas sem sintomas e com uma virulência baixa, já que não transmitiu a doença aos familiares.
Por enquanto as explicações para o contágio quase zero na ilha são muitas. Segundo a cientista Paola Muti, profissinal da Università Statale di Milano que coordenou os testes, condições climáticas como ventilação, salinidade e ar puro podem ter contribuído para enfraquecer o vírus. Outra hipótese é aquela de uma população que no passado já entrou em contato com outros tipos de coronavírus tenha adquirido maior imunidade.
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