Sexto Sentido

O vilarejo italiano onde os pacientes com Alzheimer vivem livres

Hoje, 21 de setembro, é o Dia Mundial da Doença de Alzheimer. Eu escrevo com frequência sobre o tema “borghi” ou vilarejos italianos, até porque a Itália é formada principalmente não por grandes cidades, mas por centros com menos de cinco mil habitantes.

A maioria dos estrangeiros que visitam o interior ou countryside italiano apreciam as características de um ritmo de vida mais tranquilo em relação àquele das grandes metrópoles. As breves distâncias entre suas principais atrações, uma praça para conversar, a cafeteria para degustar um espresso e ler o jornal, a mercearia com o rosto familiar de um pequeno comerciante, o vizinho que não é um estranho, mas do qual você sabe o nome.

Pensando nessa fórmula e inspirando-se em uma iniciativa holandesa da cidade de Weesp, a cerca de meia hora de trem de Amsterdã, na Itália foi criado o chamado “paese ritrovato”. Se trata do primeiro vilarejo totalmente habitado por pessoas que sofrem com a doença de Alzheimer.

Com a deterioração cognitiva e fragilizado, o doente perde suas referências, as certezas e os hábitos que o acompanhavam todos os dias.

Em um contexto hospitalar, dificilmente os pacientes com Alzheimer poderiam continuar exercitando atividades como tomar café com a família, cozinhar, ouvir música ou fazer compras.

Na província de Monza Brianza, no norte da Itália, o paese ritrovato é formado por dois edifícios unidos por um corredor, onde vivem os doentes e uma equipe médica, e os pacientes podem circular entre a cidadezinha inteira, frequentando lugares como mercado, cafeteria, cabeleireiro, manicure, cinema, igreja, e laboratórios que propõem diversas atividades lúdicas.

No total, são oito apartamentos com decoração e projeto de iluminação pensados para facilitar a rotina dos pacientes. Assim podem deduzir com mais facilidade a função de cada objeto.

Claro que as pessoas são monitoradas, mas a diferença é que não estão isoladas da realidade. Seus parentes podem entrar na estrutura a qualquer hora e permanecer com os doentes quanto tempo quiserem.  O desafio é conjugar segurança e liberdade.

A ideia também foi replicada em Roma e esse novo espaço, inclusive, já foi visitado pelo Papa Francisco e pelo Presidente da República Italiana, Sergio Mattarella. Quem sabe essa ideia possa ser replicada no Brasil.

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