Coppedè: um bairro que vai além da nossa imaginação
Vamos fazer um teste. Quando você pensa em Roma, qual a primeira coisa que imagina?
Provavelmente o Coliseu, o Vaticano, a Fontana di Trevi ou um monumento que caracterizou o período do império.
Quem visita a cidade pela primeira vez não pode deixar de conhecer as clássicas atrações turísticas da cidade eterna, mas existem muitas outras “Romas” a serem exploradas.
Nos arredores das ruas Tagliamento e Piazza Buenos Aires, no bairro Trieste, existe um complexo de edifícios que representam um verdadeiro delírio artístico.
Em uma das zonas mais elegantes da capital fica o chamado “Quartiere Coppedè” (bairro Coppedè), nome dado em homenagem ao escultor Gino Coppedè, originário de Florença.
Na verdade, não se trata exatamente de um bairro, mas de dezessete casas e vinte e seis prédios que não enquadram-se em uma única definição de estilo arquitetônico, mas em uma espécie de anarquia de estilos cujo resultado é um cenário eclético e quase surreal.
Tudo começou assim: entre as décadas de 10 e 20, Gino Coppedè foi selecionado pela empresa “Società Anonima Edilizia Moderna” para projetar um novo bairro residencial com fortes características da arquitetura romana.
O arquiteto, no entanto, deixou a imaginação correr solta e criou algo único mesclando aspectos da arte grega e medieval, art nouveau, barroco, maneirismo e estilo liberty, além de decorações góticas.
Quem acha que Antoni Gaudì foi ousado precisa conhecer Coppedè!
Entrar no bairro significa catapultar-se em uma atmosfera onírica composta por torres medievais, emblemas barrocos, afrescos, arcos, sacadas e mosaicos, entre outros elementos.
O ingresso do bairro Coppedè, por exemplo, é caracterizado por um maestoso arco decorado com um lustre de ferro batido como aquele que você poderia encontrar no salão de festas de um castelo.
Duas torres transpõem o arco e aquela da direita possui um santuário sagrado que abriga uma imagem que não reflete perfeitamente os paradigmas da clássica iconografia cristã. Uma Nossa Senhora segura um bebê que não olha para a própria figura materna, mas sim aos transeuntes, como a sua intenção fosse dar as boas-vindas a quem passa por lá.
O centro do bairro é a chamada “Piazza Mincio”, na qual encontra-se a famosa “Fonte das Rãs”, construída em 1924 e que muitos consideram uma rivisitação da “Fontana dele Tartarughe”, localizada no gueto judaico de Roma.
A criatividade de Coppedé é visível por todos os lados do bairro. A “Casa das Fadas”, por exemplo, parece que acabou de sair de uma fábula, enquanto que o portão de Piazza Mincio, 2 e o seu ar fantasmagórico foi inspirado no filme de terror “Cabiria”, de 1914.
Outro edifício curioso é o “Palazzo del Ragno”, que distingue-se pela decoração de uma aranha que tece a própria teia.
A interrupção dos trabalhos durante a I Guerra Mundial e a morte de Coppedè, em 1927, não permitiram a conclusão total do projeto que o arquiteto tinha em mente. No entanto, passear por só alimenta a convicção de que a imaginação não tem mesmo limites.
Para chegar lá: Linha 3 ou 19 do Tram, parada na praça Buenos Aires e entrada no bairro pela Via Tagliamento.