Para ousar. Formas diferentes de se hospedar na Itália

Uma das primeiras preocupações de quem organiza uma viagem para o Belpaese é a reserva de um hotel, mas você sabia que além das clássicas estruturas hoteleiras você pode optar por formas diferentes de se hospedar na Itália?

Não estou falando de fórmulas como a troca de casas durante as férias nem de  como é alugar um apartamento com Airbnb na Itália.

A ideia desse artigo é compartilhar com você, leitor, algumas experiências de hospedagem inusitadas e explicar por que elas traduzem de maneira autêntica a “alma” de diferentes regiões da Itália. Se, assim como eu, você não é fã do overtourism, das aglomerações, e gostaria de ter a chance de conhecer a Itália com o slow travel ou a arte de viajar sem pressa, siga essas indicações para se aprofundar na cultura local e criar conexões com seus habitantes.

O primeiro tipo de acomodação que me vem em mente é o Agriturismo. Esse neologismo surgiu há alguns anos atrás para identificar propriedades agrícolas, geralmente produtores de azeite e vinho, que com o tempo também passaram a oferecer soluções de hospedagem para permitir o contato direto com a realidade rural.

Os agriturismos estão espalhados por todo o país e quase sempre caracterizam-se por uma casa principal administrada por um núcleo familiar e, ao redor dela, casas independentes ou quartos com vista para as plantações.

Podem oferecer meia pensão ou pensão completa, às vezes piscina e até spa. O diferencial é a imersão na natureza. Em um agriturismo você, provavelmente, terá a chance de saborear produtos a “km o” e desacelerar. 

Obviamente, um agriturismo nunca fica em um centro urbano, mas um pouco mais afastado das cidades. Alguns exemplos de endereços de charme são a Tenuta di Canonica, em Todi, na Úmbria, o Relais Il Cantico della Natura, em Perugia, o Agriturismo Ridocco, nos arredores de Palermo, Agriturismo Villa Palagetto, não distante de San Gimignano, e o Agriturismo La Striscia, em Arezzo, ou o Palazzolo La Foce, em Chianchiano Terme.

Outra interessante forma de hospedagem na Itália é o chamado Albergo Diffuso. A tradução literal seria hotel espalhado,  difundido, mas a expressão indica a transformação de povoados ou inteiros vilarejos em uma estrutura hoteleira.

Na prática, o albergo diffuso garante os serviços e comodidades de um hotel tradicional, mas a diferença principal é que estas estruturas não estão reunidas em um único edifício, mas são distribuidas em diversos imóveis localizados no mesmo vilarejo.

Em outras palavras, é como se você tivesse a chance de camulflar-se, transformando-se mesmo que por poucos dias em um de seus habitantes. Conheci diversos exemplos bem sucedidos de alberghi diffusi e alguns dos meus preferidos são aqueles que mesclam os estilos rústico-chic como o Sextantio, em Santo Stefano di Sessanio, de ou de Le Grotte della Civita, nos arredores de Matera, e o Monteverdi Tuscany, em Castiglioncello del Trinoro, e o Borgo Giusto, em Lucca, ambos na Toscana.

Com uma proposta que é um misto entre um agriturismo e um albergo diffuso, mas acrescentando a ela o fascínio de um lugar histórico incluiria o Castello di Gargonza, antigo vilarejo fortificado de origem medieval e localizado em Monte San Savino (Arezzo) e o Castello di Spaltenna,  fascinante estrutura hoteleira entre as colinas da região do Chianti.

Principalmente na Itália central, atravessada pela chamada Via Francigena, via de comunicação de grande relevância na Idade Média porque percorrida por peregrinos cristãos da França até Roma, no passado era comum oferecer abrigo aos viandantes. Estruturas como celeiros, estábulos e hospitais serviam de refúgio para os peregrinos. Na Toscana, um desses lugares era Spedaleto, complexo originário do século XX, parte do hospital de Santa Maria della Scala, e que fica nos arredores de Bagno Vignoni.

Atualmente, essas construções de grande relevância histórica funcionam como estruturas hoteleiras atípicas como o agriturismo Castello di Spedaletto.

A Itália é um dos países mais industrializados do mundo, mas que ainda valoriza as suas antigas tradições rurais. Por esse motivo, de norte a sul existem soluções de hospedagem que conjugam o amor pelo próprio território e seus produtos agrícolas com o turismo. Nos arredores das Dolomitas, construções rústicas de pedra e madeira (malga) que no verão funcionavam como casa para aqueles pastores que produzem alimentos a base de leite de vacas de montanha, como a manteiga e queijos em alguns casos também oferecem acomodações, mas nesse caso bem espartanas. Uma boa opção e hospedagem para quem procura conforto perto das Dolomitas é o Agritur Weiss. 

No sul da Itália, se estiver organizando uma viagem para a Puglia considera a hipótese de hospedar-se em uma masseria. Uma masseria é uma antiga fazenda transformada em estrutura hoteleira de primeira mas que preza o seu lado rústico e leva adiante a sua atividade agrícola.  Em Ostuni, a cidade branca, uma ótima opção é a Masseria Salinola e ou a Masseria Torre Coccaro, em Savelletri di Fasano.

Ainda na Puglia, para quem quiser provar a emoção de dormir em um trullo (a casinha de teto cônico) mas evitando a aglomeração turística de Alberobello, uma opção é o Borgo Canonica, em Cisternino.

Ainda no clima rústico, em Matera, em 2019 capital europeia da cultura, para dormir em meio aos Sassi, uma boa escolha è Corte San Pietro, Le Dodici Lune, Palazzo Gattini ou Antico Convicino Rooms & Suites. Para quem não procura o luxo e prefere o contato direto com a natureza, na região Abruzzo você pode provar a simplicidade de um refúgio como o Rifugio della Rocca, em Rocca Calascio, já cenário de cinema.

Na região do Lácio, você também pode hospedar-se em uma abadia como a Abbazzia di San Giusto, em Tuscania, e de lá aproveitar para conhecer Viterbo, palco do primeiro conclave da história da igreja católica. Não será por falta de opções que você deixará de providenciar a sua hospedagem na Itália!

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