Paneveggio, a floresta dos violinos no Trentino Alto Adige
Pensando em respirar ar puro, estar a contato direto com a natureza e ter grandes espaços à disposição, muitos italianos estão avaliando a hipótese de passar as férias de verão nas montanhas.
Para quem mora em uma metrópole, associar uma cidade grande ao silêncio é uma situação nova. Fomos programados para acreditar que o progresso não faz rima com ruas com poucos carros, com um fluxo controlado de turistas e até com a presença de animais que voltam a ocupar um cenário até então inédito.
A pausa forçada que obrigou a Itália inteira a obedecer o lockdown está condicionando futuras pautas ligadas à arquitetura e a sustentabilidade das principais cidades do país.
O ideal seria unir a exigência de promover um turismo “de qualidade” e não baseado na massificação dos números, com a preservação de um vasto patrimônio paisagístico, cultural e artístico.
Existe uma parte da Itália onde isso já acontece. Uma região de águas de cor verde-esmeralda, de percursos para trekking em meio a riachos e campos floridos no verão, e de montanhas classificadas como patrimônio da humanidade cobertas de neve, no inverno, as Dolomitas (que também ocupam parte do Veneto e do Friuli Venezia Giulia). É a mesma terra onde o silêncio da floresta se transforma em sons. Mas não naqueles de buzinas ou das vozes de multidões, mas em notas musicais.
Na área conhecida como Val di Fiemme, no Trentino Alto Adige, fica o parque natural de Paneveggio. É ali que encontramos a chamada “floresta dos violinos”, um dos lugares mais encantadores do norte da Itália. Se trata de um lugar precioso porque recoberto de abetos vermelhos, árvores cuja madeira é preciosa para a fabricação de violinos.
No passado, luthiers que levavam adiante a tradição de realizar artesanalmente o instrumento, como o famoso Antonio Stradivari, dirigiam-se até a floresta para escolher pessoalmente a madeira perfeita que ganharia nova forma e vida em suas mãos. Ele escolhia com atenção abetos que garantiriam um som perfeito, com uma média de 150 anos de vida.
Desde o século XVII, Paneveggio garante a madeira para os principais artesãos da cidade de Cremona, na Lombardia, famosa por abrigar o Museo del Violino. Acredita-se que a madeira dos abetos vermelhos seculares seja mais elástica, transmite melhor o som porque seus canais linfáticos funcionam como minúsculos tubos de órgão que criam o efeito ressonância, fundamental para a propagação das notas.
Os abetos vermelhos compõem quase 90% da vegetação do parque, também formada por abetos brancos, larícios e pinheiros, além de uma vegetação rasteira de mirtilos. A floresta é tutelada e a madeira só é extraída depois de uma autorização. Lenhadores que sabem reconhecer se a madeira “toca” antes de extraí-la observam o seu tronco, a sua folhagem e também a posição das árvores na floresta que se expande cerca de 100 hectares por ano.
Infelizmente, em novembro de 2018, um vento que soprou a mais de 200 quilômetros por hora derrubou e destruiu grande parte dos abetos de Paneveggio. As imagens das árvores com idade entre 150 e 250 anos caídas no chão causaram comoção nacional na Itália.
Os especialistas explicam que a madeira ideal para a realização dos violinos é aquela encontrada em cerca de 90 árvores a cada 1400 inspecionadas, como procurar uma agulha no palheiro. Ele não deve apresentar nenhum defeito e por isso a parte descartada é significativa.
Depois do desastre ambiental, as autoridades conseguiram recuperar parte da madeira, que foi doada a Scuola Internazionale di Liuteria «Antonio Stradivari» de Cremona.
Depois de permanecer três anos guardada para que perca a umidade acumulada ao aberto, suas fibras darão vida a novos violinos que poderão durar até três séculos, transformando a vida de quem ama a música.
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