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Saudade de Portugal. Para descobrir o lado mais autêntico de um país tão perto e tão longe.

Portugal. Nós, brasileiros, temos uma relação controvertida com a terra de nossos colonizadores. Comparamos sotaques, talentos, costumes. Não poupamos ironia sobre nossas recíprocas capacidades intelectuais e, ao mesmo tempo, não percebemos o quanto o legado lusitano é intrínseco em nossa cultura. Fado ou bossa nova? Bacalhau ou feijoada? Fernando Pessoa ou Carlos Drummond de Andrade?

Nem tudo é o que parece e, nos últimos anos, muitos brasileiros que escolheram Portugal como morada definitiva tem se dado conta disso. Que o país é mais do que uma “caricatura” parada no tempo. É mais profundo do que uma opinião que não vai muito além da superfície.

Talvez, um bom exercício para redescobrir Portugal seja aquele de adotar um olhar “emprestado”. Sim, aquele de um alguém que enxergue e sinta a realidade de uma outra perspectiva, de maneira neutra. Porque Portugal não é só um país, é um jeito de ser, um jeito de sentir.

Se entende italiano ou quer aprimorar o idioma, a minha sugestão é começar por um livro que não é exatamente um guia de viagem, mas um aliado para “decifrar” um país tão rico e variado como Portugal.

Pietro Tarallo, jornalista e fotógrafo italiano, autor de mais de 80 publicações dedicadas ao tema das viagens pelos cinco continentes, acaba de lançar Saudade de Portugal (editora Porto Seguro, www.portoseguroeditore.it), um volume que você pode ler como faria como um romance, descobrindo o fascínio de uma terra que conquista pela generosidade de seu povo, pelos seus sabores, pelas suas paisagens, pela riqueza de sua história.

Tarallo descobre Portugal pela primeira vez no final da década de 60, período de transição. O país vivia da glória de um passado composto por conquistas e navegadores e tentava se reerguer depois da ditadura de Salazar.

A Revolução dos Cravos ainda estava por vir, em abril de 1974, e Portugal não ocupava uma posição relevante nem nas mesas de negociações internacionais, nem como meta turística privilegiada por estrangeiros.

Com a democracia e a entrada na União Europeia Portugal mudou, mas permaneceu fiel a si mesmo. Passou a ser o sonho de consumo de aposentados a procura de sol e qualidade de vida. Mostrou-se um pequeno grande país, orgulhoso de seus valores e de suas tradições. Não um lugar para enriquecer economicamente, mas culturalmente.

O livro de Pietro Tarallo é um convite para você descobrir o lado mais humano e inédito de Portugal. Um bilhete válido para que a gente possa se reapropriar do significado mais profundo da palavra “saudade”. Seja ela pronunciada com sotaque lusitano ou brasileiro.

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