Abadia de Sant’Antimo, cantos gregorianos e cenário de cinema na Toscana

As colinas ao redor de Montalcino, na Toscana, são famosas pelos vinhedos que dão origem a um dos vinhos tintos italianos de maior prestígio, o Brunello. A tradição vinícola e a forte ligação com a terra são a própria fisionomia da região, mas além das cantinas renomadas também existem outros tipos de turismo possíveis nessa parte da Itália.

Na província de Siena, a cultura não é um simples apêndice incapaz de entrar em harmonia com as cores quentes da paisagem e com os sabores locais. A “toscanidade” não está só na mesa farta e na taça sempre cheia, mas também nos vilarejos, nos palácios seculares, nas abadias, nas igrejas e nas festas populares.

A Toscana conserva, por exemplo, alguns dos melhores exemplos de arquitetura monástica; edifícios que se integram tão bem com a paisagem local que quase parecem “plasmados” pela natureza.

Aqui no Post-Italy.com já dediquei posts ao Templo de San Biagio, em Montepulciano, e à Abadia de Monte Oliveto Maggiore, em Asciano. Ainda na província de Siena, um lugar encantador é a Abadia de Sant’Antimo, famosa pelos cantos gregorianos.

Chegar até lá já é uma experiência porque a abadia fica em um local isolado, circundado pela solidão de uma província bucólica e por terrenos decorados por oliveiras. Nós vínhamos de Montepulciano e cruzamos com a paisagem do Monte Amiata e pelas colinas do Val d’Orcia.

Estivemos lá em um domingo pela manhã e acordamos cedo porque a ideia era visitar o edifício às 11h, para a missa acompanhada de cantos gregorianos. Fora do edifício fica um estacionamento e, em pouco tempo, muitos turistas começaram a chegar.

Do lado de fora a Abadia de Sant’Antimo possui uma beleza essencial e a sua grandiosidade é exaltada pela paisagem rudimentar. O lugar de culto é antiguíssimo – fundado em 781 pelo imperador Carlos Magno – e desde então habitado por monges beneditinos.

No interior da abadia o que chama a atenção é a luz natural que preenche o edifício iluminando, principalmente, o seu altar e as suas imponentes colunas.

Não sei explicar bem o por que, mas o lugar provoca uma espécie de sujeição. Para quem não sabe, na Abadia de Sant’Antimo foram gravadas cenas do filme Irmão sol, irmã Lua, de Franco Zeffirelli e no dia em que estivemos lá a missa foi acompanhada pela música com o mesmo título, entoada pelos monges.

Durante a Idade Média o seu abade era um dos maiores feudatários de Siena. Na época, a abadia recebia ricas doações e controlava cerca de 38 igrejas espalhadas entre Florença, Grosseto e Pistoia.

Um de seus bens era o castelo de Montalcino, que graças a sua posição estratégica era almejado pelos governantes da cidade de Siena. Foi justamente o contraste com essa rica cidade que provocou a decadência econômica da Abbazia di Sant’Antimo.

A abadia foi incorporada à diocese de Montalcino e Pienza e, no século XV, foi praticamente abandonada. Foi só a partir de 1870 que o edifício começou a ser restaurado.

A entrada na igreja é obviamente gratuita, mas para conhecer outros ambientes além daqueles reservados para a missa – como a capela carolíngia, a cripta e a loggia superior da abadia – é previsto um ingresso de seis euros por pessoa.

De 1 de novembro até 31 de março a abadia pode ser visitada das 10h às 17h e de 1 de abril até 31 de outubro das 10h às 19h. A missa cantada acontece sempre aos domingos, às 11 horas.

Também vale a pena saber que a abadia oferece acomodação para peregrinos. O local possui dez quartos duplos com a possibilidade de usufruir também do refeitório, mas aos hóspedes, por motivos óbvios, exige-se silêncio entre às 22h30 e 7h.  O custo para uma cama é de uma oferta mínima de 18 euros para a paróquia. Mais detalhes aqui.

Fora da abadia fica um lindo campo de lavanda e uma loja com produtos artesanais fabricados pelos monges como chás, mel e azeite. No local também são organizados periodicamente cursos de canto gregoriano. Para informações e horários detalhados dos cantos, consulte o site www.antimo.it

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