O que fazer em Palermo. Sicília entre mil culturas, opulência e street food
Existem muitos motivos para visitar Palermo. Para começar, a cidade eleita capital italiana da cultura em 2018 é um concentrado de civilizações.
Na receita dessa metrópole entram raízes europeias mas também uma pitada de traços longínquos. Em um único território você encontrará ruínas greco-romanas. Sincretismo arquitetônico com edifícios de estilo barroco, árabe, normando e Art Nouveau. Suntuosidade e simplicidade.
Tudo e o contrário de tudo. Um mundo que como escreveu Milan Kundera em A insustentável leveza do ser, “como você pode viver sem conhecer Palermo?”.
Palermo já nasceu multiétnica. Imaginem que em um dos palácios da cidade, o Palazzo della Zisa, é conservada uma lápide de 1149 com inscrições em quatro línguas: grego, latim, árabe e hebraico.
Para “mergulhar” na cultura local e captar toda a sua atmosfera, comece a sua viagem para Palermo explorando um de seus mercados mais tradicionais: a Vuccciria (em palermitano, confusão). É ali que você respira os ares do passado árabe da cidade. A Vucciria é como uma casbah que une ambulantes e comerciantes de frutas, verduras, utensílios para a casa e quinquilharias.
Palermo também possui outro antigo mercado, Ballarò, muito frequentado pelos locais e imperdível para quem ama o street food. De lá, volte até a Piazza San Domenico, entre na loja La Rinascente e aproveite para admirar, do alto de seu terraço, uma vista privilegiada de Palermo.
Percorrendo a pé a Via Roma e, em seguida, a Via Vittorio Emanuele você chegará até um dos cruzamentos mais famosos da cidade, aquele conhecido como Quattro Canti ou Piazza Villena. São quatro esquinas de arquitetura arredondada, cada uma decorada com construções do século XVII e fontes com alegorias aos quatro rios da cidade antiga, quatro estações, quatro reis espanhóis e quatro santas protetoras.
Seguindo pela Via Maqueda você passará diante da Fontana Pretoria (na praça homônima), realizada em 1581 e chegará até à Piazza Bellini. Ali ficam as igrejas de San Cataldo – classificada como patrimônio da humanidade pela Unesco e facilmente reconhecível graças as suas três cúpulas vermelhas, de origem árabe-normanda – e Santa Maria dell’Ammiraglio. Também chamada de La Martorana, a igreja foi erguida por volta de 1140 e possui mosaicos bizantinos realizados por hábeis artesãos gregos.
Nossa próxima etapa foi o Duomo ou catedral de Palermo, um misto de estilos arquitetônicos que em seu interior abriga os túmulos dos reis da Sicília. Se tiver tempo, reserve antecipadamente a visita ao teto da catedral para admirar uma vista incrível da cidade.
Pegue um táxi e estique até ao Palazzo dei Normanni ou Palazzo Reale, a mais antiga residência real da Europa que atualmente é sede da assembleia regional siciliana. Em seu interior fica a opulenta Cappella Palatina, famosa por seus mosaicos bizantinos. Um triunfo dourado!
Outra construção suntuosa que você não pode deixar de conhecer na cidade é o Teatro Massimo (Piazza Giuseppe Verdi), sede de balés, óperas e considerado o maior teatro lírico da Itália. Entre os amantes da sétima arte, o local ficou famoso depois das gravações de algumas cenas do filme O poderoso chefão 3, de Francis Ford Coppola.
Uma visita à Palermo não é completa sem uma imersão gastronômica e na cidade o street food é quase um estilo de vida. Dúvida? Pois saiba que um palermitano docé aquele que logo de manhã, depois do café, não pensa duas vezes antes de degustar um calzone frito.
Você já deve ter ouvido falar do arancino ou arancina, também declinado na forma feminina, aquele bolinho de arroz recheado e frito. Pois é. Ele não é o único protagonista do variado cardápio do street food siciliano.
Prove delícias como o Sfincione,uma espécie de focaccia com massa de tomates, cebola, orégano e anchovas, e Panelle e crocchè, panquecas de farinha de grão de bico acompanhadas por croquetes de batata. Os estômagos mais resistentes podem pedir um panino c´a meusa, sanduíche de baço com limão ou u purpo, polpo servido com frequência em praias como Mondello ou Sferracavallo. Para provar o verdadeiro street food siciliano dois endereços certos são Nni Franco u’ vasttidaru (Via Vittorio Emanuele, 102) e a Antica Focacceria San Francesco (Via Alesandro paternostro, 58), aberta desde 1834.
Entre os doces, é impossível não associar a Sicília ao cannolo, à pasta de amêndoas, à cassata ou à chamada frutta di Martorana, de marzipan. Para beber, não perca a granita e deguste vinhos sicilianos como o Nero d´Avola, o Catarratto, o Syrah, Inzolia, o Etna Rosso, a Malvasia delle Lipari e, para acompanhar doces, o Marsala, o Zibibbo ou o Passito di Pantelleria, um vinho de meditação que nunca falta aqui em casa. Buon appetito!
Le Nuvole – Residenza ai Quattro Canti: como o próprio nome diz, está situado em proximidade dos Quattro Canti, em pleno centro, em um edifício histórico de 1300. Endereço: Via del Celso, 14
Hotel Mercure Palermo Excelsior City: Hotel clássico que por sua localização pode ser um bom ponto de partida para explorar a cidade. Endereço: Via Mrchese Ugo, 3
Palazzo Brunaccini: hotel de requinte com 18 quartos localizado em pleno centro histórico. Endereço: Piazzetta Principessa Lucrezia Brunaccini, 9
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Oi Anelise, tudo bem? Ótimo post sobre Palermo. Estive lá em setembro e gostei muito da cidade. Os restaurantes são ótimos, os pontos turísticos muito bons mas não pude deixar de notar algumas coisa que me chamaram a atenção, como a sujeira da cidade e a falta de cuidado com os monumentos, comparado às outras cidades da Itália que tive também o prazer de conhecer. A impressão que passa é que Palermo é meio que deixada de lado pelo governo italiano. Até os ônibus são bem aquém, relacionado às demais cidades… Uma pena… Mesmo assim, pretendo retornar à cidade para visitar locais que não tive oportunidade. Lá tem muita história, assim como toda a Itália. Un abbraccio!
Bom dia José e obrigada pelo comentário! Infelizmente, a falta de verbas para a tutela do patrimônio cultural e artístico é algo que tem atingido toda a Itália, um país que sozinho é aquele com o maior número de monumentos classificados como patrimônio da humanidade pela Unesco. A Sicília na verdade é uma região com autonomia na gestão de alguns aspectos. Tem uma assembléia regional e decide questões legislativas…Como disse, uma pena, mas acho que é uma região que apesar da “beleza não convencional” merece e muito ser descoberta não? espero que possa voltar em breve e aguardo suas dicas de viagem aqui nos comentários! Com certeza ajudarão outros leitores 🙂
Oi, Anelise. Tudo bem? 🙂
Seu post foi selecionado para o #linkódromo, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Bóia – Natalie
Bom dia querida e feliz Ano Novo!
Fico muito muito feliz!
Obrigada